É comum que muitos problemas no joelho ocorram por sobrecarga. E quando falamos da condropatia patelar pode vir a dúvida se ficar muito tempo assentado também poderia levar a essa causa comum de dor nos joelhos.
Em geral, é comum atender em meu consultório pacientes que relatam dor no joelho, e nem sempre sabem dizer as causas. Claro que as mais comuns são as causas por esforço repetitivo, algum trauma por conta de um esporte, ou mesmo mau uso da articulação.
Mas poucas pessoas sabem que ficar muito tempo sentado também faz mal ao joelho. Aliás, essa relação entre a condropatia e ficar sentado é bastante conhecida, mas pouco divulgada.
E por isso, preparei esse artigo para falar dessa relação. Vamos lá!
A condropatia patelar também é conhecida como condromalácia e é a causa mais comum de dor no joelho. Sua incidência é maior em mulheres, mas também é comum em quem faz movimentos recorrentes dos joelhos, como atletas, pessoas ativas, adolescentes, entre outros.
É causada principalmente pelo uso excessivo do joelho e, por esse motivo, é frequentemente chamada de “síndrome do uso excessivo”. Outras razões para a condropatia são a produção reduzida de cartilagem e líquido sinovial, que é a estrutura protetora e o lubrificante, respectivamente, das articulações, além de causas como alguma lesão prévia do joelho, alterações estruturais anatômicas, hereditariedade ou alguma cirurgia anterior.
E, pode parecer contraditório, mas ficar muito tempo sentado também pode estar associado a condropatia. Ficar muito tempo com o joelho dobrado a 90 graus pode aumentar a sobrecarga sobre a articulação femoropatelar, podendo acentuar os sintomas associados à condropatia. Esse desgaste ocorre na cartilagem da patela ou da tróclea, uma região do fêmur onde a patela se articula.
Quando nosso joelho fica dobrado em um ângulo próximo aos 90 graus, ocorre o contato entre a patela e a tróclea de forma mais intensa. Isso causa uma sobrecarga maior da patela contra o fêmur.
Somado ao desequilíbrio muscular causado pelo sedentarismo — afinal de contas, quem passa muito tempo sentado em geral também é sedentário — os problemas se agravam. Isso causa uma alteração na biomecânica normal do joelho, causando sobrecarga na articulação femoropatelar e resultando na condropatia.
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A condropatia é diagnosticada com uma combinação de um exame físico e exames de imagem, como a ressonância magnética. A ressonância magnética é boa para detectar a deterioração da cartilagem articular desde quadros iniciais, enquanto o raio-X pode revelar danos ósseos e artrite, em fases mais avançadas.
O tratamento inicial da condropatia patelar sempre será realizado a partir de medidas de controle da dor, com uso de analgésicos ou outros medicamentos, conforme avaliação médica especializada.
Além disso, melhorar a função articular e buscar o reequilíbrio muscular é fundamental. Para isso a fisioterapia é uma ótima opção, com a recomendação para fortalecer o quadríceps e os músculos adjacentes para que o joelho fique mais protegido de novas lesões.
Os exercícios isométricos, que envolvem flexão e liberação controlada de músculos específicos, também podem ser usados para construir massa muscular, especialmente em pacientes no início do tratamento ou com quadros dolorosos mais intensos.
Outros exercícios de baixo impacto podem ser associados, como natação ou uma bicicleta ergométrica. Em alguns casos, uma joelheira ortopédica pode ser benéfica para auxiliar no controle da dor e dos movimentos, especialmente em atividades no trabalho ou durante a prática esportiva.
As cirurgias para tratamento da condropatia patelar está indicada apenas em casos de exceção, devendo ser o último recurso e com a utilização de técnicas mais modernas como o uso das membranas sintéticas formadoras de cartilagem. Intervenções artroscópicas como o desbridamento para alisar a superfície da cartilagem articular, muito realizados no passado, não trazem benefício significativo e duradouro para os pacientes.
Infelizmente a condropatia patelar é irreversível. Por isso, a melhor coisa a se fazer é evitar seu surgimento. Para isso, procure manter um bom equilíbrio muscular dos membros inferiores, com a prática de atividades físicas regulares e de baixo impacto às articulações.
Use também sapatos adequados, que não causem essa sobrecarga aos joelhos. Além disso, evite ficar muito tempo com os joelhos dobrados — a cada hora, levante-se e alongue-se. Dê uma leve caminhada para que ocorra a movimentação da articulação. Faça exercícios orientados por um profissional capacitado.
Dessa forma, é possível evitar que a condropatia e ficar muito tempo sentado façam parte da sua vida. Tenha uma vida ativa e, se necessário, busque atendimento de um médico ortopedista. E para saber mais sobre a condropatia patelar, confira o vídeo sobre o assunto que gravei para meu canal no Youtube!